quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cattleyas Estrangeiras- Explanação e Conceito Técnico I

Amigos de nosso blog, visitantes, a unifoliada que irei relatar no presente texto nada mais, nada menos que a flor nacional da Venezuela, seu símbolo, sua história, e que símbolo sua história, e que sentimento bom nos traz quando um país tão amigo, tão receptivo possui uma das mais belas Cattleyas do grupo das Orchidáceas, digo-vos, me refiro à essa sublime flor com reverencia  à uma Rainha, A Cattleya Percivaliana.
Uma orquídea muito cultivada no Brasil, reconhecida mundialmente, possuidora de variedades muito belas, distintas, matizes fabulosas, uma textura aveludada digna de uma imponente Rainha.
Seu perfume inconfundível, proveniente de um lindo labelo.
Aqui no Brasil, muito bem adaptável em cultivo restrito ou seja, de vasos, de cascas e cachepô.
As principais características de seu cultivo são as varias frentes vegetativas que forma no decorrer dos anos, cultivadas desde que adequadamente.
Sua substância é muito boa, mesmo dentro de variedades e da Tipo.
Sua textura realça suas cores desde tipos à mais claras ou mais escuras.
Jamais se perde um corte de Cattleya Percivaliana se envasada no período correto, ou seja, brotos altos, em torno de 15 cm de altura e já com emissão de raízes novas.
A planta gosta, responde bem, num envase de 4 a 5 pseudobulbos e num substrato de fibra de xaxim pouco picado adicionado à pequena porcentagem de sfagno.
Suas seedlings em vaso plástico pequeno com xaxim bem picado responde muito bem, estando passando por adubações periódicas de NPK- 30-10-10 ou menos 10-6-5, vindo a se desenvolver melhor em estufas nessa sua fase inicial.
As seedlings dessa Cattleya somente aceita re-envasamento sem repiques a medida que seu pseudobulbo maior esteja bem espesso e bem alto em torno de 15 a 18 cm de altura.
Esse re-envasamento deve ser feito retirando a pequena planta junto ao seu substrato e logo após adaptada em vaso de cerâmica proporcional ao seu tamanho fazendo-a vegetar por mais uns 3 ou 4 anos sem re-envasamento.
Já as plantas adultas ou semi-adultas re-envasadas ou em vasos de cerâmica ou plásticos, mesmo cachepôs requerem um sombreamento de 60% a 70%, com regas copiosas, respeitando apenas a estação do inverno onde ainda não aceita regas pesadas e persistentes ou seja, encharcamentos desnecessários de seu substrato.
A bela epífita aceita boas regas nos períodos de brotação, meados de novembro a dezembro, seguindo-se ainda essas regas até março, não aceita regas pesadas pelo máximo de 1 mês que antecede a floração.
Já no período de repouso floral, precisamente 1 a 2 meses após, aceita boas regas, deixando também de frisar seus bulbos respondendo muito bem com muitas vezes tenras e sadias raízes.
Aqui no telado, faz boa aceitação apenas com adubos granulados, com rara exceção de indivíduos que vegetam bem apenas com adubação foliar.
Mais uma vez, a sua aclimatação, o seu desenvolver é satisfatório, cuja brotação e emissão de bainhas e floração são bem regradas, muito bem regradas não apresentando casos de brotações e florações esporádicas (foras de época).
Na minha coleção ainda insisto em lutar por obter a variedade Alba com boa qualidade técnica, muitas delas já possui mas não responderam com boas flores.
E se baseando que nas outras variedades possuo bons exemplares, não é problema de cultivo mas sim de clones albinos que ainda não consegui adquirir.
Suas Variedades:

- Alba, Semi-Alba, Suave, Suavíssima, Concolor, Tipo, Coerulea,Albescen  e outras. As suas belas flores tecnicamente falando propuseram aos laboratórios que muito teriam que produzir na manutenção de tão belas variedades.
As de variedade Tipo por exemplo, de tom lilás médio ao escuro com labelo ocre( marrom escuro na garganta), de tom vinho forte ou avermelhado em seu lóbulo frontal com veias ouro-claro foram muito cruzadas entre si produzindo varias filhas superiores as suas matrizes. Venho a citar o caso da Cattleya Percivaliana “Morida” que é nada mais nada menos que o cruzamento das Tipo Alberts com a Rolfs.
Outro caso é a Cattleya Percivaliana Tipo Liberto com a Cattleya Percivaliana Tipo Ana Beatriz que resultou flores excepcionais igualando-se muitas vezes com a Cattleya Percivaliana Alberts ou Cattleya Percivaliana Rolfs.
As variedades mais amenas de cores como a suave e a albescens produziram muitas flores de ótimos tons amenos e de muita qualidade técnica.
A raríssima Coerulensis Ondine ou Coerulensis Dona Ondine com suas pétalas e sépalas levemente azuladas, de labelo pouco azulado mais forte com ocre superposto na garganta do labelo e fauces amarelo-claro .
A planta quando feita a auto-fecundação produz filhas também coerulensis variando em forma técnica e desenho e colorido do seu belíssimo labelo.
A Albescens Caracas, com pétalas e sépalas albas com um perceptível sopro rosado e de labelo bastante albo com um singelo sopro rosado, e quando na alto-fecundação produz filhas também albescens e de forma técnica variável.
Em cruzamento de Albas com Albescens já presenciei filhas Albas e filhas da variedade Tipo, nessa última as formas não são tão apreciativas.
A Cattleya Percivaliana Tipo Sumit e a Tipo Alberts, de ótimas formas técnica onde a Sumit bem arredondada , bem simétrica, apenas pouco menor em diâmetro que a Tipo Alberts e são dois clones renomados responsáveis muitas vezes por Cattleyas Percivalianas Tipo muito boas de formas técnica, a lilás é variável dentro dos tipo, o marrom ocre apresentado dentro do lóbulo também.
A variedade Alba já possui muitas variantes, algumas depreciativas outras muito boas, cito como exemplo a Alba Ayala, de pétalas e sépalas de branco puro acetinado, com labelo também albo sem nuance algum, apresentando pouco acima do lóbulo frontal uma mancha amarelo-ouro que sucede as fauces, e esse colorido adentra ao tubo no mesmo tom.
Nas Albas o amarelo-ouro ou amarelo-gema ( mais escuro) é de uma variedade intensa, dando a impressão até de semi-alba para os menos experientes.
O cruzamento aqui no orquidário que resultou plantas com flores regulares de forma, foi a Cattleya Percivaliana Alba Ayala x Cattleya Percivaliana Alba Orocochano.
A auto-fecundação das Albinas dentro da espécie mantém-se em grande porcentagem por mim verificadas durante os anos.
São as da variedade Semi-Alba uma das que mais me encanta, mas também de difícil acerto, já possuí varias, uma agora em regressão, seria a Cattleya Percivaliana Semi-Alba Jewel, cujo corte adquiri lá na Chácara das Orquídeas em Rio Claro do meu amigo e professor Aniel Carnier já falecido.
Outra Semi-Alba muito renomada, cultivada em vários orquidários, presentes em coleções nobres e belas exposições seria a Farah Diba com suas pétalas e sépalas albas sem nuance de boa simetria, circularidade e conjunto, tendo um belo labelo espargido em tom vinho bem claro mesclando com o Albo-base, somente perceptível com apreciação bem minuciosa .
O clone é muito usado com Albas com suavíssimas, com tipo, resultando sempre na boa forma técnica geneticamente adquirida pela Semi-Alba Farah Diba mesmo resultando filhas tipo lilás variável.
Um outro bom cruzamento que agora para nós, surpreende pelas plantas que foram usadas a Tipo Karem Graf cruzada com a Tipo Sumit que no ano de 2010 resultou em filhas da variedade Tipo muito boas de forma, inclusive cruzando pétalas na primeira floração, de diâmetro mediano e muito boa circularidade, em tom lilás médio de labelo pouco estreitado e franjado, carga genética Sumit e em tom avermelhado com o marrom ocre superposto adentrando à garganta do tubo.
Outra fera de Cattleya Percivaliana Tipo fora o cruzamento da Cattleya Percivaliana Tipo Liberto x Cattleya Percivaliana Tipo Ana Beatriz, que obtive ótimas tipo arredondadas, com labelo bem arredondado franjado em seu bordo e com colorido base em marginato.
Planta de uma ótima vegetação e todas as que observei até o momento,não variantes de forma técnica e esta melhora significativamente depois de aclimatada, cultivada sob uma tela de 60% a 70% de sombreamento.
Também outros dois clones belíssimos, da Cattleya Percivaliana, a variedade Albescens Nega Chocolate e a Semi-Alba Centro Remolacha, a Guayaba, a Coerulea Palumbo, linda, são plantas cuja variedade estiveram há anos encobertas por poucos colecionadores e que na atualidade aparecem no mercado em auto-fecundação.
Um passo bem largo fora dado em ajuda à esta belíssima Cattleya, o da micro propagação In vitro, e que ajudou à muitos colecionadores obterem as variedades renomadas  da Cattleya Percivaliana que em breve nos meses de março à maio vem nos abrilhantar os olhos com suas cores, com suas boas e ótimas formas.
Dotada de um vigor vegetativo que impressiona, com flores excepcionais, requer julgamento técnico apreciativo com paciência e conhecimento, pois há variedades que somente se destacam pelas cores e desenhos de labelo, já as formas básica-técnica ficam pouco a desejar, mas como disse e repito nada que venha à depreciar a espécie.
Conheci seedlings de Cattleya Percivaliana numa visita minha à residência do Sr. Renato Cerri, orquidófilo  nosso associado, há muitos anos atrás onde me presenteou com um seedling de Cattleya Percivaliana Albescens Nega Chocolate que veio a florir anos depois, onde me encantei pelo seu tom predominante e perfume bem característico.
Desse dia em diante, como ainda era iniciante, passei a adquirir a espécie sempre que podia, e os momentos de satisfação foram aumentando, inclusive ressalto um cruzamento muito antigo entre Cattleya Percivalaina Semi-Alba Farah Diba x Cattleya Percivaliana variedade suavíssima e que quando florida resultou em tipo claras de boa forma  técnica.
A planta de El Libertador como é tipicamente chamada na Venezuela precisou de algum tempo para ser considerada uma Cattleya digna de coleções, pois os conhecimentos técnicos retrógados anteriormente existentes repudiavam várias dessas variedades como plantas com flores apenas de cor, e nada mais.
Mas a justiça veio à tona e os conhecimentos se aprimoraram e de certa forma fizeram com que essa belíssima Cattleya fosse mais criteriosamente analisada como merecedora que é de destaques nas exposições.
Amigos, um breve abraço, espero ter contribuído para vosso conhecimento  e ter sido claro em meu breve relato.

Gilmar Juliak
Sócio e Diretor Técnico do Círculo SãoCarlense de Orquidófilos

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