quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Cattleya Warnerii", A Capixaba, Mineira, Brasileiríssima por Nobreza e Imponência

Visitantes, amigos do nosso blog, é como muito prazer e emoção que passo a falar sobre a nossa Cattleya Warnerii, onde ocorre mais nas matas dos Estados de Minas Gerais e Espirito Santo principalmente, e que outrora por seus descobridores e registrantes fora confundida com a nossa Cattleya Labiata, e que época de floração, porte vegetativo, forma técnica diferenciada, o perfume, as bainhas etc..., fizeram com que essas notáveis cattleyas fossem melhor analisadas e descritas.
No Brasil, muito bem cultivada, os clones famosos como a Semi-Alba Itabirana, a Alba Colossus, as Tipo, as Coeruleas, a suave Santa Tereza entre outras inúmeras reconhecidas mundialmente.
A planta de porte baixo a média altura com uma única folha posicionada à praticamente próximo a 90° de seu pseudobulbo, vegeta e prospera bem aqui em nossa região, cito São Carlos acima de 800 metros acima do nível do mar, num clima rigoroso e bastante adverso no dia a dia, sua brotação inicia-se por volta de Setembro a Outubro, com brotos vigorosos, requerendo regas bem espargidas e copiosas, logo após a formação das folhas novas, menos regas, somente a da chuva no caso dos telados, e isso sob uma areação muito boa, umidade relativa do ar em torno de 50% a 60% e ainda sob uma luminosidade de 60% a 70% de sombra.
Desenvolve-se melhor quando o novo pseudobulbo cresce fora ou na borda do vaso, em cachepôs não vai tão bem, pois suas raízes requerem um pouco de umidade contida, ou seja, maior demora na secagem do substrato.
As seedlings se desenvolvem bem em substratos de fibra de xaxim sem sfago adicionado, com a adição de um adubo radicular, granulado ou pó, e o que constatei é que quando pequenas apreciam vasos não tão largos de boca, indiferentes se de plástico ou cerâmica, e este com bons furos laterais e no seu fundo.
Aqui para mim, elas não requerem nenhum tipo de adubo foliar para crescimento, apenas uma aclimatação perfeita.
Evitar sempre que possível os piques em hora errada no seu rizoma, pois para dividi-la é necessário a emissão de fortes raízes dianteiras, um broto de 8 cm a 10 cm de altura.
Geralmente não retiro uma trazeira de Cattleya Warnerii sem que esta esteja já desentumescido sua gema frontal e ou, fico no aguardo de sua brotação. Retiro a parte dianteira com no mínimo de 4 a 5 pseudobulbos e executo o envase.
A parte trazeira fica no vaso antigo onde prospera, até sua recuperação do stress provocado pelo corte, eu apenas completo o substrato até o nível da borda do vaso onde deixo medrar.
As seedlings, retiro dos vasos pequenos e apenas transfiro-a para um vaso pouco maior completando seu substrato e a deixando desenvolver por dois ou três anos ainda.
A Cattleya Warnerii, não aceita muito o corte para desenvase, ela ( a trazeira) chega após a incisão, desidratar seus pseudobulbos de tal maneira que penso que irei perder a planta.
Tive para comigo uma experiência nada fácil, onde cultivava as Warnerii a 50% de luz e com regas abundantes, no caso de seedlings e adultas o problema foi o mesmo, amarelamento das folhas trazeiras e uma acentuada desidratação até o penúltimo bulbo.
As inflorescencias naquele ano foram até boas, flores grandes, bem armadas, não diferenciando se Albas ,se Coeruleas, se Semi-Albas, se Tipo.
Agora cultivadas ao lado da Cattleya Labiata e Cattleya Trianaei a uma luz de 70%, com tela de sombrite mais específica, a desidratação quase se anulou, o enraizamento e as florações se deram muito bem.
Claro, amigos, ao meu entender é primordial a aclimatação das espécies quando cultivadas fora de seu habitat, os adubos resolvem em parte, uns proporcionam bom enraizamento mas não aumentam a altura dos pseudobulbos e folhas, já outros progridem a parte vegetativa, mas, prejudicam ao meu ver e constatação as florações, ou seja, as plantas não só de Cattleya Warnerii mas de outras Cattleyas monofoliadas, resultam em flores pequenas e em mais número por haste que o normal.
Quem nunca adquiriu em exposições ou mesmo no mercado popular, plantas em que seu crescimento é impressionante, os novos bulbos crescem bem maiores que seus antecessores, e isto, repito, é o excesso de adubação em nitrogenagem ou outros meios que o produtor usa para rapidamente vender seu produto.
Quem paga o prejuizo no decorrer dos anos?
Resposta: a própria orquídea intoxicada.
No orquidário há seedlings e adultas de Cattleya Warnerii, possuo apenas umas 30 plantas, mas que passaram por extensas seleções técnicas na qual fui obrigado a fazer muitos descartes após 3 ou 4 anos florindo o mesmo exemplar.
Características técnicas da flor da Cattleya Warnerii consiste em ser boa de diâmetro em todas as variedades, a armação mostra pleno alinhamento lateral das sépalas que não são tão estreitas, onde não há arqueamento destas que nos obrigue à descartes desnecessários.
Nota-se numa boa Warnerii um bouquet de armação de pétalas e cujas estas são em alguns clones mais estreitas que das Cattleyas Labiata.
As pétalas por sua vez não apresentam ápices ponteagudos ou presença de flanjados que prejudiquem a sua planicidade.
O colo do tubo presente nas pétalas se intensifica no comprimento em alguns clones e cruzamentos, chegando até 30% ou 40% sendo este último vindo a ser um defeito não passivo.
Esse tipo de Cattleya geralmente possui flores de boa a ótima forma técnica, analisando por exemplo seu belíssimo labelo que em muitos casos é arredondado flanjados no seu bordo tanto para Albas, Coeruleas, Concolores e Rubras.
O labelo também se apresenta um pouco menor e flanjado em todo o seu contorno do lóbulo frontal, o que não demonstra ser defeito grave, mas sim peculiaridade dentro da espécie.
UM ALERTA !
Muitas Cattleyas Unifoliadas fazem uma drástica derrubada de folhas quando retiradas do Orquidário do cultivo do produtor para o nosso.
Esse fator, ao meu ver que fique bem claro, é problema fitosanitário adquirido no cultivo de origem e tanto é verdade que o problema desaparece com o passar dos anos cultivando-as normalmente.
Aqui no orquidário, as Cattleyas Warnerii já floriram, embora tive plantas cortadas para fins de dois exemplares ou trocas o que vem a provar para meu próprio conhecimento que essa Cattleya apresenta flores ruins durante 4 a 5 anos após sofrerem incisões e envases.
Um dos cruzamentos que possuo e que é de ótima qualidade técnica é a Cattleya Warnerii Suavíssima Ricardo Bells x Cattleya Warnerii Semi-Alba Lucilo Leite e que resultou em Semi-Alba Orlata Aquinada nas pétalas, cuja flor é bem arredondada e simetricamente perfeita, um bom bouquet de pétalas característica da espécie.
A flor é bem fechada e sem vãos quase cruzando pétalas e de um labelo vinho escuro bem arredondado e flanjado, já o aquinado se repete ano após ano no ápice das duas pétalas tornando-a graciosa.
Suas sépalas, largas, sem arqueamentos que depreciam tecnicamente a flor.
Numa visão frontal, a flor é cheia, sem vãos, bem circular e expressiva pelo contraste do albo leitoso de suas pétalas, sépalas e tubo ( na parte externa), não possui nuance algum em qualquer tom.
O exemplar foi adquirido por mim, há dez anos na Exposição de Americana, lá do orquidário Quinta do Lago.
Cattleya Warnerii Pseudo-Alba, outra aquisição bem sucedida na Exposição de São Carlos 2006 do Orquidário Primavera de meu amigo Darlan, lá de Matheus Leme em Minas Gerais, a variedade Pseudo-Alba é por mim claramente e distinta como Albescens Suave ou Delicata como algumas variedades de Cattleya Trianae, boa de forma, bem arredondada sépalas e pétalas bem postadas, leve arqueamento de sépala dorsal, pétalas largas sem dobras e nervuras onde o sopro roseo-claro se confunde com um albo também de nuance imperceptível.
O tubo e o labelo totalmente esbranquiçados, no lóbulo frontal o albo  com sopro roseo-claro.
A planta vegeta bem, sem regressões inesperadas, folhas verdes bem claras, floresce em novembro.
Na atualidade, muito está e foi feito em prol da manutenção da vida desta bela epífita capixaba-mineira, cruzamentos entre elas mostraram boas e excelentes melhoras, já nas auto-fecundações pelo que tenho visto pouco progresso, mericlonagens sim, resultam melhor o que realmente deve ser a Cattleya Warnerii.
A mericlonagem de alguns que conheço, não degrada de forma técnica a Cattleya Warnerii, ao oposto, muitas plantas clonadas filhas portanto, dão melhores formas técnicas que a própria matriz.
Um dos clones que pretendo ainda perseguir para aquisição é a Cattleya Warnerii Semi-Alba Itabirana, de uma armação e um semi-albo fantásticos, claro digo, vendo a espécie como espécie, não que seja uma BC Pastoral x Cattleya Nerto PV", por exemplo.
Cuidados são necessários nas aquisições de plantas suspeitas como Cattleyas Warnerii cruzadas com Cattleyas Gaskelianas, pois ambas florescem na mesma época praticamente e resultam plantas com pseudobulbos finos e alongados demais, folhas pouco largas e quase não postadas à  90° (aproximadamente) do seu pseudobulbo.
As flores resultam ao nosso olhar crítico, algo de Warnerii, algo de  Cattleya Gaskeliana.
Bem, suspeitar sempre é bom, verificar vegetação, floração, perfume e tecnicamente falando jamais a flor vista frontalmente lembra Cattleya Warnerii seja ela de qual variedade for.
Alguns exemplos notórios:
Cattleya Warnerii Alba Castro, Cattleya Warnerii Semi-Alba Itabirana, a Cattleya Warnerii Concolor Jandira, a Rubra Superba, a Cattleya Warnerii Alba Colossus, a Cattleya Warnerii Coerulea Hector Gloeden e Suzuki; algumas tipo sem referência de clone também são muito boas e cito um cruzamento muito bom lá do meu amigo Jordão da cidade de Rio Claro-SP- a Cattleya Warnerii Suavísssima Ricardo Bells x Cattleya Warnerii Alba Shusteriana de flores tipo, de grande diâmetro, simetricamente muito boa, com labelo pouco largo e encrespado, em todo seu bordo, de tom lilás claro ao médio e de labelo vermelho- purpureo com ou sem estria central no lobo do labelo.
Um belo Pesadelo.
Há muitos anos cultivo uma seedling semi-adulta de Cattleya Warnerii tipo Rolfs,a planta crescia e definhava com o seu longo desenvolver " a Atarracada", vindo num último ato de desespero de minha parte, passá-la pelo quarto replante sem nunca ter florido e ao menos colocado algumas poucas raízes.
A planta desidratava há anos, não enraizava, perdia algumas pequenas folhas, consegui neste quarto replante em fibra de xaxim e em vaso plástico que a Atarracada emitisse uma espata floral regular.
As esperanças de vê-la florir antes que sucumba de vez, aumentara, e o criador ouviu as minhas preces, suplicas desse humilde orquidófilo sofredor.
Em meados da segunda quinzena de Outubro, a Atarracada Rolfs finalmente floriu.
E aí? você me pergunta também creio que aflito.
Com uma única flor bem redonda lilás média de labelo vinho quase cruzando pétalas, boa de sépalas e dotada de um diâmetro médio, claro depois de anos de espera e sofrimento só podia dar flor pequena, mas o meu coração se encheu de alegria ao vê-la imponente numa haste floral sem tutor algum. Boa, muito boa, e tem gente querendo a trazeirinha da Cattleya Warnerii tipo Rolfs. Valeu, e olha, ela já coloca novas raízes.
Amigos, queridos amantes da natureza e da Orquidofilia em especial, prometo ainda voltar a falar sobre a Cattleya Warnerii de suas belezas de seus detalhes de sua nobreza, aliás não poderia ser  ela diferente disto pois endemica do Espirito Santo e Minas Gerais só teria que resultar numa Princesa brasileira de alta nobreza e estilo.

Gilmar Juliak
Diretor Técnico do Círculo SãoCarlense de Orquidófilos

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